Vazio é ouvir uma música e não entender o que cada nota diz, mesmo sentindo-a te tocar o espírito. Buscar e nada conseguir enxergar; saber que cada vez menos é possível olhar a própria solidão. Uma letargia que vem do sentir o nada em volta.
Querer entender esses sons que nos tocam a alma, mas não conseguimos localizar exatamente aonde. Procurar ver quem toca esse piano de uma forma tão torpe, tão atroz.
Sabemos cada sentimento, porém, nem o pensamento e nem a razão conseguem aflorar. Não existem palavras que possam exprimir. Só o soluço contido.
Se ao menos fosse possível por a culpa num fato ou em alguém. Gritar, protestar! Mas, não há culpados. Se houver algum, pode ser o tempo que passou e deixou tanto vácuo. Fica a inércia da resignação com o que a vida nos deu; de tudo que não deu certo. Do inviável.
Um entristecer crescente que engolimos com saliva amarga e gelo; que procuramos interpretar o significado, mas ele insiste em se ocultar em nosso coração.
Vazio é o que poderia ter sido, mas não foi. É sentir frio na alma.
Foram os sorrisos não possíveis, a felicidade que não vivemos. Não poder ser nem mais nem menos - feliz ou infeliz. Uma vontade saborear um gosto que, temos consciência, é de um fruto que não existe. É não querer estar aqui, mesmo sem ter noção de onde queríamos estar. Uma saudade imensa do que não há jeito de traduzir.
É deixar as lágrimas caírem no compasso de uma melodia triste. O concerto de um instrumento em dó maior. Dó de nós. Todo som que agora resta.
Vazio é uma esperança louca de tudo mudar, do mundo sorrir, de alguém te beijar, dos olhos brilharem e, paradoxalmente, saber que nada vai acontecer. Querer ir para nunca mais voltar. É chorar para dentro o próprio desespero e aguardar, aguardar...
E, lentamente morrer. Até essa tristeza infinita passar.
texto: paulo moreira
imagem: olhares.com - portugal
Querer entender esses sons que nos tocam a alma, mas não conseguimos localizar exatamente aonde. Procurar ver quem toca esse piano de uma forma tão torpe, tão atroz.
Sabemos cada sentimento, porém, nem o pensamento e nem a razão conseguem aflorar. Não existem palavras que possam exprimir. Só o soluço contido.
Se ao menos fosse possível por a culpa num fato ou em alguém. Gritar, protestar! Mas, não há culpados. Se houver algum, pode ser o tempo que passou e deixou tanto vácuo. Fica a inércia da resignação com o que a vida nos deu; de tudo que não deu certo. Do inviável.
Um entristecer crescente que engolimos com saliva amarga e gelo; que procuramos interpretar o significado, mas ele insiste em se ocultar em nosso coração.
Vazio é o que poderia ter sido, mas não foi. É sentir frio na alma.
Foram os sorrisos não possíveis, a felicidade que não vivemos. Não poder ser nem mais nem menos - feliz ou infeliz. Uma vontade saborear um gosto que, temos consciência, é de um fruto que não existe. É não querer estar aqui, mesmo sem ter noção de onde queríamos estar. Uma saudade imensa do que não há jeito de traduzir.
É deixar as lágrimas caírem no compasso de uma melodia triste. O concerto de um instrumento em dó maior. Dó de nós. Todo som que agora resta.
Vazio é uma esperança louca de tudo mudar, do mundo sorrir, de alguém te beijar, dos olhos brilharem e, paradoxalmente, saber que nada vai acontecer. Querer ir para nunca mais voltar. É chorar para dentro o próprio desespero e aguardar, aguardar...
E, lentamente morrer. Até essa tristeza infinita passar.
texto: paulo moreira
imagem: olhares.com - portugal