domingo, 15 de março de 2009

vazio

Vazio é ouvir uma música e não entender o que cada nota diz, mesmo sentindo-a te tocar o espírito. Buscar e nada conseguir enxergar; saber que cada vez menos é possível olhar a própria solidão. Uma letargia que vem do sentir o nada em volta.
Querer entender esses sons que nos tocam a alma, mas não conseguimos localizar exatamente aonde. Procurar ver quem toca esse piano de uma forma tão torpe, tão atroz.
Sabemos cada sentimento, porém, nem o pensamento e nem a razão conseguem aflorar. Não existem palavras que possam exprimir. Só o soluço contido.
Se ao menos fosse possível por a culpa num fato ou em alguém. Gritar, protestar! Mas, não há culpados. Se houver algum, pode ser o tempo que passou e deixou tanto vácuo. Fica a inércia da resignação com o que a vida nos deu; de tudo que não deu certo. Do inviável.
Um entristecer crescente que engolimos com saliva amarga e gelo; que procuramos interpretar o significado, mas ele insiste em se ocultar em nosso coração.
Vazio é o que poderia ter sido, mas não foi. É sentir frio na alma.
Foram os sorrisos não possíveis, a felicidade que não vivemos. Não poder ser nem mais nem menos - feliz ou infeliz. Uma vontade saborear um gosto que, temos consciência, é de um fruto que não existe. É não querer estar aqui, mesmo sem ter noção de onde queríamos estar. Uma saudade imensa do que não há jeito de traduzir.
É deixar as lágrimas caírem no compasso de uma melodia triste. O concerto de um instrumento em dó maior. Dó de nós. Todo som que agora resta.
Vazio é uma esperança louca de tudo mudar, do mundo sorrir, de alguém te beijar, dos olhos brilharem e, paradoxalmente, saber que nada vai acontecer. Querer ir para nunca mais voltar. É chorar para dentro o próprio desespero e aguardar, aguardar...
E, lentamente morrer. Até essa tristeza infinita passar.

texto: paulo moreira
imagem: olhares.com - portugal

segunda-feira, 9 de março de 2009

respirar você

Seu suave respirar dançando leve nas águas do sonho
A leveza do ar que sai de suas narinas - volátil momento
Desassossego; descobrir num quase soluço - os desejos
Senhores dos ares, das chuvas, de todos os elementos
Engasgados na luz-aura-muda do olhar de afago de quem ama
Inalam o amor e aspiram poema e paixão; você me inspira
Aquáticos fluxos e palavras sem nexo; falta ar - falta fôlego
Incêndio de nós toma conta; tudo infla, amor inunda - êxtase
Maravilhoso desespero de olhos fechados e lábios mordidos
Enfim, desabar sobre mim, num suspiro cansado – quase sofrido
Libertando do peito, o ar contido; doce apnéia dos sentidos e da razão
Corpo calmo, agora sedado – generoso - abençoando minhas mãos

E, afogado nessas águas de sonho, vejo seu semblante adormecer
Num suspiro, agradeço baixinho: - Como é bom respirar você!

(paulo moreira)
imagem: olhares.com - portugal

sábado, 7 de março de 2009

dia da mulher - o recado vai para os homens

Quando os homens, um dia, perceberem que o mundo precisa de paz, lembrarão da mulher. Quando os homens perceberem que inteligência, emoção e todo amor do mundo - são os únicos caminhos - certamente vão lembrar da mulher.
Quando esse dia chegar, o mundo será paz. E, esse mundo melhor será motivo de festa. Não de um dia, de uma semana ou de décadas.
Os homens só serão melhores quando derem-se conta do que seja uma mulher; e as mulheres mostrarão muito além do que imaginávamos. Um homem só cresce, a partir do momento em que começa a entender um pouquinho do universo dessas meninas, aparentemente, tão travessas.
Basta que o mundo tenha consciência de que não existem dois times. Só quem aprende evolui - professoras são elas.
O dia das mulheres não é dia. O dia das mulheres é eternidade. Uma mulher é infinita... todas são além do imaginável. Que nós, homens, entendamos isso e façamos o melhor.
E os dias serão aqueles em que todos dançaremos a música da beleza, da felicidade e do amor, em seus sentidos mais completos.
Por isso tudo, amigos, preparem seus corações e não percam a chance:
- Vamos convidá-las para essa dança?
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texto: paulo moreira
crédito de imagem - cia de dança lídio freitas - olhares.com - portugal

segunda-feira, 2 de março de 2009

blogs

Primeiro vieram as salas de chat. E muitas pessoas preferiram trocar sua novela das oito por uma sala de bate papo. Desta forma, começaram a descobrir um meio de dizerem de si, de conhecerem pessoas de lugares tão diferentes, com histórias tão incríveis. Acho que não é exagero dizer que criou-se um mundo virtual com características de verdadeiras cidades ou mesmo países. Um mundo com regras próprias de ética, costumes, sonhos e relacionamentos.
E surgem então os blogs, como mais uma opção. Com o que a internet pode oferecer de mais moderno: música, imagens, interatividade através de tecnologia avançada.
Acho que os blogs fazem um sucesso enorme e aumentam em progressão geométrica por alguns motivos bem interessantes.
A idéia do blog me remete imediatamente à idéia dos antigos “diários”, que os adolescentes sempre curtiram demais. É nos blogs que as pessoas escrevem sobre seus sentimentos do dia a dia. Daquilo que lhes acontece de bom ou ruim; de suas alegrias e tristezas, das expectativas, de tudo que lhes afeta. Uns se expressam por poesias, textos, anotações de si mesmos ou de outros autores, não importa. É como se escrevessem algo em seu diário e o guardassem num armário (na maioria das vezes até esperando ansioso que alguém leia e lhe perceba melhor como ser humano).
E o “milagre” acontece. A pessoa amada vai lá e se comove com a música apaixonada e uma frase ou poema de amor. Os amigos deixam recados, elogiando sua sensibilidade e o motivando a continuar. Uma imagem bonita emociona todos que entram em seu blog. Os adolescentes descobrem um mundo maravilhoso e os adultos a possibilidade de serem adolescentes sem nenhuma culpa.
Agora, melhor que uma história contada numa novela, a pessoa descobre milhares de novelas reais das quais pode participar e, até, influenciar. Além do que, também pode contar e ver todos participarem de sua própria história.
Como conseqüência, vão surgindo vocações e tendências que muitos sequer podiam imaginar que um dia tivessem. Aparecem poetas e poetisas, surpreendentes artistas plásticos, escritores, pessoal bom de marketing e de conversa. Gente boa de todos os cantos.
Parimos nossas idéias e cuidamos de nossos blogs, como quem cuida de seus filhos. Alimentamos todos os dias com o que temos de novo, buscamos os comentários que nos fazem vibrar; aperfeiçoamos e nos educamos, vivendo dia a dia as emoções que compartilhamos. Visitamos outros blogs e percebemos a delicadeza de cada um; o carinho e dedicação com que são construídos.
Transmitimos a magia das mãos que aprendem a dar e receber.
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texto: paulo moreira