Num primeiro olhar, que parece
minutos atrás, já sabíamos todos os caminhos. Como se o olhar fosse um mapa do
desconhecido, sempre soubemos cada momento que viria. As ausências, toda a
presença, sorrisos e lágrimas, alegrias e desencontros como bagagens. Um caminho
para onde não se sabe jamais.
Num primeiro olhar, numa
fração de segundo, uma promessa sem volta.
Nos corpos entrelaçados como
pudessem simbolizar almas, loucas noites. Na cumplicidade da tristeza ou do
desespero; dos sonhos ou da esperança, não importa, perder ou ganhar, tanto
fez. Do muito ao quase nada, tanto fez. Em nós, mais que um pedaço tirado e sua
cicatriz, a impotência do nada poder
mudar. Entender que tudo passa.
O momento não é melhor ou pior
e permanece intocável; se impõe senhor. É como pode ser. Nos ventos gelados ou
nas flores da primavera, nas brigas ou na paixão sem fim. Perene, atento a
tudo, acompanha nossa vida, tão cúmplice quanto nós mesmos.
Pressentir uma despedida causa
desespero, um vazio tão infame quanto a necessidade de ter que, em certa hora,
partir.
Dura insistente o nosso instante,
que começou num olhar inesperado e atravessa o tempo, ano após ano, dia após
dia – como fosse um único segundo - até impossível saber quando. É, agora ao
mesmo tempo, tanto e tão pouco. Que nos sufoque e traga alívio, que seu toque nos
mate aos poucos e nos santifique - faça como quiser. Que torne nossos cabelos
grisalhos e nos traga marcas sem conserto, tire-nos todas as forças e nos faça
invencíveis. Nosso amor é um momento.
Tudo o que possuímos e vamos
levar eternamente, nosso amor é o melhor momento que pode ter existido.
texto: paulo moreira
imagem: google
música: i migliori anni della nostra vita - renato zero http://www.nuaideia.com/italiana/renato_zero/i_migliori_anni_della_nostra_vita_ni.mid