segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

morrer de amor

Os dias sem esse alguém são aqueles dias de frio
De mãos trêmulas, dos músculos enrijecidos
Da boca repuxada, ar gelado quase assobio
Busca de mãos quentes, de calores perdidos
Crônicas insônias, cobertores que não suprem
Frios na alma são chicotes de gelo em couro
Andar descalço em desertos invertidos que nevam
É procurar carinhos e apenas encontrar vácuos
Câmara fria que nos mantém o corpo inerte
Abaixo de zero, nada se move, nada diverte
São as árvores sem folhas, arrasadas pelo gelo
É saudade congelada, queimando em desespero

Os dias sem esse alguém são as noites escuras e horríveis da solidão
Insistem nossos braços gelados tateando em cegueira pura
Tenebroso, o medo revolto dentro de nosso próprio porão
E atravessam o quarto os sons agudos da amargura
São os lamentos do que não se fez; são remorsos
Morrendo, frases sem luz perdendo palavras
Capuz sufocante que castra os olhos
Entrecorta o fôlego, traz lágrimas
Tudo então torna-se pequeno
A vida perdendo a razão
Congelados os restos
Sem brilho, assim:
Sem gestos
Escuridão
Fim

paulo moreira

2 comentários:

Sonia Schmorantz disse...

Pela formatação do texto...a solidão cresce tanto dentro da gente, até que depois vá se diluindo, se afinando...seja pela constancia, seja porque sua reflexão, acabe por torna-la só mais uma de nossas referências. Lindo teu blogger
Um abraço

Ignácio disse...

muito bom Paulo, muito sentimneto, eu gosto disso!!!