Presença é o acordar pela manhã e buscar o abraço de uma lembrança no travesseiro. Um nome que insiste em ocupar nossos lençóis arrumados e já sem a noite dos que, loucamente, os desarrumaram tanto. Lençóis de manchas outras que, agora, não passam de pequenos círculos transparentes de lágrimas de uma estranha e até doce emoção.
Presença é o sentir a brisa da manhã trazendo o calafrio inexplicável daquele medo bom do primeiro encontro. Olhar a xícara e ver entre sombras intraduzíveis da superfície do leite, o rosto de alguém te insinuando as mesmas promessas bobas. A paz daquele sorriso, com cappuccino e açúcar. É nosso querer bem criando cenas de rara beleza. O fantasma que se senta, sem nenhuma cerimônia, à nossa mesa.
É a angústia de sentir que no vazio da ausência, ficou a marca. Isso é presença. Marca. A impossibilidade de parar com as mãos, essa sombra que o pensamento não consegue apagar.
Presença é um vírus contraído que nunca mais nos desacompanhará. São as nuvens brincando de criar a mesma silhueta no céu. Querer ver o filme outra vez e mais outra. Absurda luz na escuridão do quarto.
Ser obrigado a lembrar de tudo, pelo simples fato de ouvir um barulho na porta. A certeza de que, nesse mesmo instante alguém pensa em nós e lembra as mesmas coisas, ao mesmo tempo, com o coração também apertado pela saudade. E, caso tivesse coragem, contaría-nos esta mesma história.
A dor do saber que nunca mais - é presença.
Presença é querer dormir para ter a possibilidade de encontrar num sonho. Teimosia em inverter a realidade deserta. Ver o sofá da sala totalmente ocupado por ninguém.
Presença é ser capaz de nos preenchermos inteiros de quem já não está. É afrontar a dureza real de uma falta infinita que essa pessoa nos faz. É ler em pétalas de flores, os recados que só nós soubemos.
Alguém a quem tanto amamos é assim. Passe o tempo que passar, aconteça o que acontecer, estará longe ou perto, não importa.
Importa é que teremos, querendo ou não, sua incansável, suave e eterna presença.
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texto: paulo moreira
Presença é o sentir a brisa da manhã trazendo o calafrio inexplicável daquele medo bom do primeiro encontro. Olhar a xícara e ver entre sombras intraduzíveis da superfície do leite, o rosto de alguém te insinuando as mesmas promessas bobas. A paz daquele sorriso, com cappuccino e açúcar. É nosso querer bem criando cenas de rara beleza. O fantasma que se senta, sem nenhuma cerimônia, à nossa mesa.
É a angústia de sentir que no vazio da ausência, ficou a marca. Isso é presença. Marca. A impossibilidade de parar com as mãos, essa sombra que o pensamento não consegue apagar.
Presença é um vírus contraído que nunca mais nos desacompanhará. São as nuvens brincando de criar a mesma silhueta no céu. Querer ver o filme outra vez e mais outra. Absurda luz na escuridão do quarto.
Ser obrigado a lembrar de tudo, pelo simples fato de ouvir um barulho na porta. A certeza de que, nesse mesmo instante alguém pensa em nós e lembra as mesmas coisas, ao mesmo tempo, com o coração também apertado pela saudade. E, caso tivesse coragem, contaría-nos esta mesma história.
A dor do saber que nunca mais - é presença.
Presença é querer dormir para ter a possibilidade de encontrar num sonho. Teimosia em inverter a realidade deserta. Ver o sofá da sala totalmente ocupado por ninguém.
Presença é ser capaz de nos preenchermos inteiros de quem já não está. É afrontar a dureza real de uma falta infinita que essa pessoa nos faz. É ler em pétalas de flores, os recados que só nós soubemos.
Alguém a quem tanto amamos é assim. Passe o tempo que passar, aconteça o que acontecer, estará longe ou perto, não importa.
Importa é que teremos, querendo ou não, sua incansável, suave e eterna presença.
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texto: paulo moreira
imagem: photoforum - rússia