Primeiro vem a atração mútua. Vêm, também, as palavras que escorrem tão naturais quanto sentir fome ou piscar os olhos. Nessa mistura mágica, vêm juntas todas essas coisas inexplicáveis que só o amor entende. Palavras e atitudes brotam belas e criam, aos pouquinhos, a proximidade de pensamentos e de ideais. Esse é o início do encaixe das pecinhas. Assim nasce o amor.
Descobrimos maravilhados no outro a coerência total no falar, agir e pensar. Mesmo nas confissões mais difíceis, a sinceridade prevalece e é como um concreto firme que alicerça e dá segurança ao amor. É aquela certeza que não se explica, a cumplicidade que nasce do saber que no outro coração existe, antes de tudo, honestidade. Sinceridade.
Aliás, muitos consideram honestidade uma qualidade. Longe de ser qualidade, nada mais é que uma obrigação. Aos sermos honestos não estamos fazendo nada além do que se espera de nós. É o mínimo que se pode querer de um ser humano. Ao encontrar uma carteira e devolvê-la, ninguém torna-se anjo. Apenas sabe que enxerga bem o suficiente para vê-la e devolvê-la. Enxerga bem de toda forma, se assim o faz.
A confiança plena em outra pessoa é fundamental para ser feliz. Sabemos que em nada acreditaremos sobre algo que se refira a ela, sem seu pleno assentimento e aval. E essa transparência no agir ensina a importância da compreensão, da tolerância, do entendimento e, se for o caso, do perdão. Não há perdão sem esquecimento honesto; não necessariamente do fato, mas do sentimento.
No amor, honestidade é se desnudar perante o outro sem medo. É tirar a roupa do corpo e da alma, sem sentir vergonha por haver se entregado por completo. São os gemidos loucos e o rosto contorcido, deformado pelo momento do êxtase verdadeiro, para a volta quase imediata do sorriso de quem sabe que valeu a pena. O imediato apego à paz dos amantes. Contar os segredos dos pensamentos mais íntimos. É o procurar palavra que se encaixe naquele sentimento impossível de ser desenhado. Dizer dos sonhos que vão se realizar porque lutaremos por eles e dos que não irão se realizar, pois que, precisam continuar sonhos e assim deve ser. É o pular no abismo desconhecido, pela simples confiança no outro que chamou:
- Vem. Pode vir!
Podemos confiar demais e ter dúvidas. Não é a dúvida da sinceridade do outro. Pode ser sobre coisas externas ou até uma dúvida sobre nosso eu. Nosso sentir. E isso é uma coisa muito delicada, pois não coloca em xeque a honestidade dos dois, mas pode acabar com uma relação. Pode ser um golpe sem volta.
Se a pessoa que você ama usa toda a sinceridade que possui e, num certo momento, expõe uma dúvida sobre um amor do passado, isso machuca. Por mais honesto e humano que seja, crava feito punhal. E coração em dúvida agride sem perceber. Critica cada ação sua por, inconscientemente, comparar.
Isso fere como lâmina afiada porque não há defesa. Não existe como fugir. Não há como acusar de insinceridade. É um fato diante de nós e fatos são fortes demais.
Paradoxalmente e para nosso desespero, sabemos que na dúvida posta, existe acima de tudo, a honestidade do outro, e essa clareza volta-se cruel contra todo o amor que sentimos. É semelhante ao contar para o vizinho que ele possui apenas uma semana de vida, pois, por acaso você leu isso num relatório do médico. Uma sinceridade doída e fatal. Mas não deixa, afinal, de ser uma verdade.
É quando a honestidade te corrói. Te mata aos poucos. Porque você sabe que, uma vez que a pessoa amada não mente, está te expondo a receber um carinho que não necessariamente te pertença por inteiro. Te deixa sem saber se o corpo que você recebe é o mesmo do pensamento a quem se dirige. É te deixar sem a certeza de que arrumou o quarto para os dois. É a dor de saber que amar não foi o bastante. Ou, ao menos, o suficiente para que dúvidas jamais surgissem.
A verdade do outro é cruel em todos os sentidos, porque além de tudo, deixa a culpa de seus próprios erros. Da pessoa, não houve ânimo de ferir. Apenas honestidade.
Só te resta então, entender e admirar a atitude desse amor que te foi tão precioso. E ser sincero principalmente consigo mesmo. Nada a fazer. Talvez, dopar os sentidos do coração para que, como um animal condenado, sinta dor menor ao morrer.
Carregar consigo o consolo de ter sido tão maravilhoso, por ter sido tão verdadeiro. Honesto.
Saber que, por conhecer a si mesmo e seus limites de aceitação, honestamente, o melhor é partir.
Descobrimos maravilhados no outro a coerência total no falar, agir e pensar. Mesmo nas confissões mais difíceis, a sinceridade prevalece e é como um concreto firme que alicerça e dá segurança ao amor. É aquela certeza que não se explica, a cumplicidade que nasce do saber que no outro coração existe, antes de tudo, honestidade. Sinceridade.
Aliás, muitos consideram honestidade uma qualidade. Longe de ser qualidade, nada mais é que uma obrigação. Aos sermos honestos não estamos fazendo nada além do que se espera de nós. É o mínimo que se pode querer de um ser humano. Ao encontrar uma carteira e devolvê-la, ninguém torna-se anjo. Apenas sabe que enxerga bem o suficiente para vê-la e devolvê-la. Enxerga bem de toda forma, se assim o faz.
A confiança plena em outra pessoa é fundamental para ser feliz. Sabemos que em nada acreditaremos sobre algo que se refira a ela, sem seu pleno assentimento e aval. E essa transparência no agir ensina a importância da compreensão, da tolerância, do entendimento e, se for o caso, do perdão. Não há perdão sem esquecimento honesto; não necessariamente do fato, mas do sentimento.
No amor, honestidade é se desnudar perante o outro sem medo. É tirar a roupa do corpo e da alma, sem sentir vergonha por haver se entregado por completo. São os gemidos loucos e o rosto contorcido, deformado pelo momento do êxtase verdadeiro, para a volta quase imediata do sorriso de quem sabe que valeu a pena. O imediato apego à paz dos amantes. Contar os segredos dos pensamentos mais íntimos. É o procurar palavra que se encaixe naquele sentimento impossível de ser desenhado. Dizer dos sonhos que vão se realizar porque lutaremos por eles e dos que não irão se realizar, pois que, precisam continuar sonhos e assim deve ser. É o pular no abismo desconhecido, pela simples confiança no outro que chamou:
- Vem. Pode vir!
Podemos confiar demais e ter dúvidas. Não é a dúvida da sinceridade do outro. Pode ser sobre coisas externas ou até uma dúvida sobre nosso eu. Nosso sentir. E isso é uma coisa muito delicada, pois não coloca em xeque a honestidade dos dois, mas pode acabar com uma relação. Pode ser um golpe sem volta.
Se a pessoa que você ama usa toda a sinceridade que possui e, num certo momento, expõe uma dúvida sobre um amor do passado, isso machuca. Por mais honesto e humano que seja, crava feito punhal. E coração em dúvida agride sem perceber. Critica cada ação sua por, inconscientemente, comparar.
Isso fere como lâmina afiada porque não há defesa. Não existe como fugir. Não há como acusar de insinceridade. É um fato diante de nós e fatos são fortes demais.
Paradoxalmente e para nosso desespero, sabemos que na dúvida posta, existe acima de tudo, a honestidade do outro, e essa clareza volta-se cruel contra todo o amor que sentimos. É semelhante ao contar para o vizinho que ele possui apenas uma semana de vida, pois, por acaso você leu isso num relatório do médico. Uma sinceridade doída e fatal. Mas não deixa, afinal, de ser uma verdade.
É quando a honestidade te corrói. Te mata aos poucos. Porque você sabe que, uma vez que a pessoa amada não mente, está te expondo a receber um carinho que não necessariamente te pertença por inteiro. Te deixa sem saber se o corpo que você recebe é o mesmo do pensamento a quem se dirige. É te deixar sem a certeza de que arrumou o quarto para os dois. É a dor de saber que amar não foi o bastante. Ou, ao menos, o suficiente para que dúvidas jamais surgissem.
A verdade do outro é cruel em todos os sentidos, porque além de tudo, deixa a culpa de seus próprios erros. Da pessoa, não houve ânimo de ferir. Apenas honestidade.
Só te resta então, entender e admirar a atitude desse amor que te foi tão precioso. E ser sincero principalmente consigo mesmo. Nada a fazer. Talvez, dopar os sentidos do coração para que, como um animal condenado, sinta dor menor ao morrer.
Carregar consigo o consolo de ter sido tão maravilhoso, por ter sido tão verdadeiro. Honesto.
Saber que, por conhecer a si mesmo e seus limites de aceitação, honestamente, o melhor é partir.
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texto: paulo moreira
imagem: tela à óleo - "casal" - maria de lourdes moreira